quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O Processo de Urbanização

A urbanização consiste na aglomeração populacional nas cidades em virtude do surgimento das sociedades industriais, gerando uma série de implicações para o espaço geográfico.

 


Grande aglomeração de pessoas, prédios, pavimentação, iluminação são características de áreas urbanas.
O termo urbanização tem origem na expressão latina urbi, que significa cidade. Por outro lado, urbi é derivada da palavra suméria Ur, uma das duas primeiras cidades da história, localizada na região da Mesopotâmia e formada por volta do ano de 6000 a.C. Estudos arqueológicos apontam para outra localidade na Mesopotâmia, Uruk, como sendo a primeira cidade notoriamente ‘urbana’. Em torno de 3500 a.C., Uruk já contava com um arranjo estrutural avançado, estimulado pelas atribuições comerciais e o desenvolvimento da escrita cuneiforme.
Grande aglomeração de pessoas, prédios, pavimentação, iluminação são características de áreas urbanas.* Mesmo com essa analogia entre o urbano e a cidade, na verdade, a cidade é o local do urbano, pois nem toda cidade é plenamente urbana, por vezes as funções da cidade podem estar relacionadas ao extrativismo e à agropecuária. Uma área urbana tem como preceitos uma grande aglomeração de pessoas vinculadas às relações complexas da industrialização, a circulação de mercadorias, pessoas e os fluxos de capitais. Todas essas características se complementam quando analisamos uma paisagem tipicamente urbana, marcada pelos equipamentos urbanos como prédios, pavimentação, iluminação, obras estruturais e o intenso individualismo que marca a era das metrópoles.
Nesse sentido, a urbanização como nós conhecemos foiiniciadaa partir da Revolução Industrial, no século XVIII, a princípio na Inglaterra e depois se espalhando por outras localidades da Europa e nos Estados Unidos. As primeiras fábricas provocaram um grande êxodo rural pela necessidade de absorção de mão de obra e formação de mercados consumidores. Concomitantemente, as máquinas da Revolução Industrial invadiram o campo, mecanizando a lavoura e expulsando os camponeses de suas terras.
O fenômeno urbano chegou acompanhado por uma série de problemas. As primeiras aglomerações urbanas da Inglaterra e da França combinavam poluição atmosférica, falta de saneamento básico e condições precárias de vida para os seus habitantes. Na segunda metade do século XIX, o planejamento urbano nos países ricos considerou todos esses problemas, tornando as áreas urbanas mais adequadas às funções econômicas, mas sem deixar de atender às demandas da sociedade. Em países como o Brasil, a urbanização foi lenta e demorou mais tempo para se concretizar. As funções coloniais adiaram a modernização das cidades brasileiras que estavam limitadasao fornecimento de matérias-primas, pois a colônia não poderia atingir um nível de organização que se equivalesse ao da metrópole.
Apenas com a difusão da atividade industrial no Brasil, consolidada após a 2ª Guerra Mundial, é que foram definidos os rumos da urbanização brasileira. Isso significa que os países que tiveram um processo de industrialização tardia, como o Brasil, também tiveram uma urbanização tardia e sem planejamento. O êxodo rural iniciado no Brasil na década de 1950 provocou um inchamento das cidades, conhecido nos dias de hoje como a macrocefalia urbana. Tanto que, no ano de 1950, a população urbana brasileira representava um total de 18,8 %. Em 1965, esse percentual alcançou mais de 50 %, tornando o Brasil um país urbano.
Esse retrospecto colaborou para a ocorrência dos desafios urbanos presentes nos países subdesenvolvidos industrializados, como a falta de saneamento básico, enchentes, violência urbana, sistema de transporte ineficiente, carência de moradias, aumento da informalidade e a segregação socioespacial. A baixa qualidade de vida e as diversas modalidades de poluição e degradação ambiental estão fortemente atreladas ao imaginário de paisagem urbana das grandes cidades do mundo subdesenvolvido.
De acordo com os relatórios oficiais das Nações Unidas, a população mundial passou a ter mais pessoas vivendo nos centros urbanos do que nas áreas rurais no ano de 2008. Atualmente, o urbano corresponde a 52,1 % da população do planeta. Nos países desenvolvidos, essa média é de 77,7%, contra 46,5 % nos países subdesenvolvidos. Segundo o Censo 2010 realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil possui 84,4 % de sua população de cerca de 190 milhões de habitantes vivendo em áreas consideradas urbanas.

Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola

 

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